que me vou de fim-de-semana
Rompe a aurora, nasce o dia
iluminando o montado.
Como um hino à alegria
ouve-se balir o gado.
Roxo, verde e amarelo,
olho à volta é o que vejo.
Não há nada assim tão belo,
ó meu querido Alentejo.
Reflexões difusas, soma dos vários espectros.
Rompe a aurora, nasce o dia
iluminando o montado.
Como um hino à alegria
ouve-se balir o gado.
Roxo, verde e amarelo,
olho à volta é o que vejo.
Não há nada assim tão belo,
ó meu querido Alentejo.
Uma das irracionalidades da vida mundana que mais me irrita é os semáforos que fazem os veículos não-BUS esperar um bocadinho antes de poderem seguir, já depois dos BUS terem o seu verde. Quando isto acontece em locais onde mais à frente há um afunilamento, faz sentido que haja uma diferença para que os BUS possam avançar prioritariamente (é o caso de quem inicia a subida da Av. da Liberdade, nos Restauradores). Mas a esmagadora maioria destes semáforos que "discriminam positivamente" – dirão alguns patetas de boca morna – introduz um atraso aos não-BUS sem qualquer benefício para os BUS e portanto sem qualquer justificação. A não ser talvez uma cretina demonstração do poder Municipal para que os cidadãos auto-mobilizados não tenham devaneios igualitários. É cretino, é irracional, é abstruso e insultuoso. É estúpido à quinta casa. É um escândalo!
E ninguém fala disto...
Etiquetas: humor
Acho fundamentalmente cretino que as pessoas usem o argumento de não votarem em determinado político por este não ter carisma. Na forma como eu vejo as coisas, o que deveria interessar são os resultados. O carisma, é um facilitador entre os anseios ou desejos do eleitor e sobre a coisa pública e a mensagem sobre as capacidades e desejos do político. É uma ponte, não um fim. Assim, muito embora os simbolismos, a sedução, a persusasão e demais "artes" possam e devam interessar pela sua utilidade, o argumento do carisma quando usado para justificar o próprio voto, não é mais que uma confissão da incapacidade de, ou da desistência em avaliar racionalmente as reais capacidades e intenções dum político e portanto de projectar ou antever os resultados.
Se eu digo que o político Z tem vantagem em ter carisma (ou sedução, persuasão) o que digo é que este tem melhor capacidade de gerar empatia para com as suas ideias (e portanto tem maior probabilidade de ser eleito). Se eu digo que voto nele ou nela por essa simples razão, estou simples categoricamente a desistir de analisar e antecipar, os reais resultados duma sua hipotética governação. Aí então vivo no mundo da fantasia onde apenas atendo às minhas vontades e afectos e onde o espírito crítico não é necessário para nada. E ainda bem porque isso dá uma trabalheira.
Em 2004, era a pasta da defesa ocupada pelo improvável Portas, Paulo que surpreendido foi por um dos seus acólitos quando verificou que este lhe enviara uma fragata deter a entrada em águas territoriais Portuguesas do Borndiep esse barco do demo, dumas não-menos-do-demo Holandesas que ameaçavam dar a liberdade a algumas mulheres Portuguesas de sair da sua então hedionda legislação no que às gravidezes concernia.
O ridículo começava na pornográfica desproporção entre um vaso de guerra e um barco de 15 metros duma ONG, e terminava nas medievais manifestações de regozijo duma intolerante minoria pelo (poderoso, concedamos) carácter simbólico do confronto e seu desfecho. O resto do país tapou a cara de vergonha.
Três ONG, ainda gaguejando de estupefacção, diligentemente levaram o processo ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e eis que este se pronunciou: Portugal é condenado por violação do artigo 10º da Convenção dos Direitos do Homem que é só o da Liberdade de Expressão, ao pagamento de uma indemnização de seis mil euros por danos morais. E há mais: o ex-ministro ainda responde mas novamente não convence.
Às 22:50 de dia 27 deste mês da graça de Dezembro estarei a aterrar em Buenos Aires. Sozinho como já há muito queria viajar. E agora que preciso dumas férias (a recente seca de escritos por aqui não é por acaso) julgo que tem tudo para ser muito bom.
Apreciarei o gesto que alguns me farão de mandar o email de todo aquele contacto vosso que lá tenha estado ou de alguma forma seja sapiente sobre tais afazeres. Cuidarei assim indirectamente do sucesso da reportagem resultante, para que dela novamente resultem prazenteiros momentos a partilhar, na ressaca da cena.
Volto dia 11, certamente confuso horário.
"Antes incompreendido que mal interpretado".
Incompreensão é resultado da incerteza sobre o "quê". Má interpretação é resultado da incerteza sobre o "porquê". E como o porquê depende da intencionalidade (que é, por definição, imperscrutável) do sujeito, torna-se impossível fazer qualquer prova sobre "os porquês", condenando qualquer discussão a um ciclo infinito de alegações inverificáveis.
Assim, da mesma maneira que as intenções não são pressuponíveis (os chamados "processos de intenção" são culturalmente mal vistos), as interpretações devem igualmente ser relegadas para os casos de absoluta necessidade. É muito melhor ficarmo-nos pela incompreensão. Assumida e reconhecida, a ignorância não é assim tão má.
Etiquetas: filosofia
Não posso deixar de recomendar leitura do assomboroso relato da pior teoria da conspiração do globo, perdão, do mundo. Diz ela que o mundo é, na realidade, plano e tudo o que aprenderam na escola foram "eles" que vos injectaram. Quem quiser libertar-se desse abstruso jugo e terraplanar o seu cérebro, faça favor de visitar o site, ou ler o artigo da BBC.
Absolutamente impagável. Estou putrefacto!
Etiquetas: sociedade
As natas estão para a culinária como o medo está para a reivindicação política. Ambos fazem o milagre de disfarçar qualquer mixordice e são recurso frequente do mau artífice.
Vem isto a propósito do primeiro disparate da actual direcção do PSD: PSD exige demissão do ministro da Administração Interna.
Etiquetas: política
Na escala do paranóide securitário moderno, um é pouco, dois não está mau, três é multidão. 100 já começa a ser perigoso e 101 então - ui! - já carece de detector de metais, não vá algum concidadão menos responsável cometer um ilícito criminal com recurso a uma arma... claro está, metálica.
- Quem é que paga o detector?
- Quem promove esses perigosos ajuntamentos, pois claro.
- Quanto?
- Não interessa, tem de ser e pronto.
- Porquê 101?
- O caro amigo não está a pôr em causa a omnisciência dos nossos iluminados governantes, pois não?
- Alguém tentou (tentou, apenas) sondar se a população em causa prefere pagar mais nos seus estabelecimentos de diversão nocturna e ter um detector de metais ou se prefere as coisas como estão? Alguém sequer ponderou quantos ilícitos ocorreram em circunstâncias evitáveis com a presença dum detector de metais?
- O amigo já está a passar das marcas... Não se meta com o PS senão leva.
- É que se ao menos fossem 301...
- Shhht!
Em pequeno tive estrabismo. Andei de pala e tudo, comós cavais, mas só num (o esquerdo, António, o esquerdo). A coisa resolveu-se com uma operação cirúrgica ao olho direito (que estava torto), no... Porto. Fiquei apenas com um estrabismo residual, astigmatismo e hipermetropia, ligeiras. Usei óculos durante uns anos e depois deixei, nem sei bem porquê.
Há uns tempos decidi que, já que passo cerca de 12 horas por dia ao computador e o meu chefe não me dá um portátil de 45 polegadas, se calhar talvez não fosse má ideia visitar um oftalmologista, coisa que não fazia há mais de dez anos. Talvez.
Pois bem, após o atraso da praxe lusitano, fui atendido por uma doutora muito simpática (com quem tomaria sem problemas um café fora do expediente). Contei-lhe o historial, fez-me os testes do costume (vejo melhor do esquerdo, descobri) e... mandou-me embora. Nem estrabismo residual, nem nada! Vejo melhor que muito boa gente. Andor daqui para fora e felicidades com os ecrãs de computador, com os quais, pelos vistos (!), me entendo bem.
E esta hein?
Etiquetas: episódios
Há uns meses mudei-me. Mudei-me de volta para Lisboa, donde havia saído por volta do 8º ano. Sempre foi esta a minha cidade e agora que posso, habito no seu centro, na sua virtude, na sua rua dos Prazeres, pertinho da encantadora Praça das Flores, minutos a pé de tudo o que interessa. Um dos melhores sítios para se viver em Portugal e por conseguinte, no mundo. Não digo isto a brincar.
Tendo vindo de habitar a Ericeira, terra saloia e sincera, apercebo-me - claro - dum ligeiríssimo aumento da erudição ambiente, numa ou outra conversa que se ouve de passagem. Isso, para estes snobs ouvidos cansados de gente bruta, de vez em quando ainda dá para sorrir. E isso é bom.
Mas o que mais me atinge (e esta é no sentido oposto) é a notória fragilidade da saúde mental por estas bandas. Vê-se muito mais gente insana. Gente que sofre pesarosamente este mundo, um dia atrás do outro, gente de olhar estreito e espírito castrado. Casas tão juntas que mal abafam os gritos coléricos de quem lá dentro há muito não se suporta; passeios nocturnos únicos ouvintes de diletantes a caminho do abismo; esquinas de ataque, esquinas de rotina... Falta leveza. Falta mar, talvez.
Ainda estou a digerir. Quando conseguir concluir algo, direi.
Etiquetas: sociedade
Descubram e deliciem-se com a exploração dos limites da estupidez, do auto-engano e da negação da evidência no lugar onde:
Via Bad Science, que por si só merece leitura.
s. m., acto ou efeito de sobressaltar; susto; perturbação imprevista; inquietação; confusão.
Etiquetas: língua portuguesa
Mas porque é que tanta gente insiste em dizer "os aitems da lista", ou "clicar nos aicons"?! Será que nunca lhes ocorreu que as palavras item e ícone existem na língua mãe deles? Ou sou eu que, novamente, exijo demasiado do pípol?
Etiquetas: língua portuguesa
Estou à espera que o estado se direito de imponha em Portugal. Nomeadamente que:
(Para quem ler isto fora de tempo, é a propósito dos bloqueios dos camionistas por ocasião da alta dos combustíveis.)
Outro dia fui fiquei algo queimado do Sol. À noite, antes de me deitar, pus um creme body lotion que havia recebido como oferta de outras compras, com essências não sei que mais e aromas a isto e aquilo. O típico, e até era bom, não fossem os aromas dar-me a sensação de haver uma mulher na cama quando não havia. Grunf.
Etiquetas: episódios
Os arrogantes são mais coisa menos coisa, os inteligentes pouco estóicos.
Suponhamos, para uma dada matéria, uma pessoa não necessariamente brilhante mas inteligente e relativamente conhecedora. Suponhamos que essa pessoa é relativamente desconhecida de uma série de gente com a qual vai interagir. Será, inevitavelmente, como todos nós, vítima dos preconceitos que os restantes possam ter sobre pessoas em iguais circunstâncias. O arrogante normalmente tem muito pouca paciência para esperar que os outros se apercebam por si da sua não-mediania. O inteligente estóico, por muita vontade que tenha de desarmar em três golpadas os que das suas capacidades desdenham, exercendo vassalagem à razão e à ética, reprime a sua vaidade, adia a recompensa e leva a vantagem da não-confrontação. Apenas para mais tarde a destilar em ridículas lucubrações como esta que apenas demoram mais a mostrar exacta mesma arrogância.
A intenção é que conta, não é?
Eu sei que é sempre perigoso contar um sonho, mas não resisto a contar que sonhei com uma espécie de ritual de linchamento, onde uma multidão cega de raiva clamava pela morte e (sobretudo) tortura duns pobres coitados que desciam amarrados à espécie de carros alegóricos do cortejo bárbaro. Não que os visados tivessem feito algo de muito mau, seriam apenas diferentes, de outra etnia ou algo assim.
Tudo isto passava-se num cenário meu conhecido, onde havia pessoas conhecidas que assistiam à barbárie mais ou menos impávidas, umas tristes mas resignadas e ninguém (nem a autoridade) fazia nada.
Apenas publico aqui esta pseudo-reflexão inconsciente porque acho que tem que ver com a nossa esfera pública. A sensação que tenho (e que acho que motivou este meu sonho) é que isto está tudo entregue à bicharada e ninguém se importa. Eu importo-me, pelos vistos.
Não usava Windows há 7 anos. Estou a usar Windows (e Word, e essas coisas todas) há 6 meses, porque tem de ser, claro está. Não sei como conseguem aguentar, a sério. Ainda bem que aprendi outras ferramentas e me livrei deste nojo. Um nojinho é o que é. Não se consegue trabalhar. Não. Se. consegue. Trabalhar. Puack.
Resposta do costume aos comentários do costume: Sim, aprender Linux dá mais trabalho como é óbvio, mas para os 0.01% que tem dois dedos de testa e passa a vida em frente ao computador em tarefas não repetitivas, compensa aprender outras ferramentas. A curva de aprendizagem é mais íngreme ao início mas os resultados são inimaginavelmente gratificantes depois. Não acreditam? Bem, eu não consigo imaginar a minha vida de novo neste lamaçal janelento outra vez.
Etiquetas: informática
O filme sobre o Islão do deputado Holandês Geert Wilders.
De novo o problema da tolerância da intolerância. Via MLS
Etiquetas: cinema, política, terrorismo
No frente-a-frente com o Eduardo Barroso e o Miguel Relvas, no Mário Crespo, um deles dizia que se tinha perdido por completo o respeito e que havia faltas de educação quer dos professores para com a ministra quer da ministra para com os professores.
Discordo. Até hoje só vi faltas de educação (e da grossa) dos professores para com a ministra, desde canções que começam em "Marilu...." e acabam já se sabe aonde, aos sórdidos PPTs que vamos recebendo por mail em que mais não se consegue fazer senão ridículas rábulas desintéricas, cruzando lugares comuns da brejeirice com a vida privada da ministra.
Por muitos erros de implementação que a reforma possa ter, a verdade é que ela tem por detrás uma ideia que poucos sabem criticar verdadeiramente. Tal não impediu porém, que a larguíssima maioria dos professores se colocasse automaticamente contra. Contra, sempre contra. A estratégia é conhecida: não concordar nem discordar muito ao início, ficar de braços cruzados à espera: se algo corre mal critica-se tudo; se algo corre bem, vitimiza-se, aqui d'El Rei que nos estão a atacar, a humilhar, a rebaixar, a maltratar, ai coitadinhos de nós, que má que é a ministra. São raríssimos os casos em que se tomaram proactivamente medidas efectivas que visassem uma colaboração genuína.
Pura e simplesmente não houve, no grosso da classe, reconhecimento do trabalho que é preciso ser feito e um mínimo — um mínimo que fosse — de boa-vontade. E quando não há boa-vontade, pouco mais há a fazer. Aí a culpa vai inteirinha para os professores.