A Cidade, redux
Há uns meses mudei-me. Mudei-me de volta para Lisboa, donde havia saído por volta do 8º ano. Sempre foi esta a minha cidade e agora que posso, habito no seu centro, na sua virtude, na sua rua dos Prazeres, pertinho da encantadora Praça das Flores, minutos a pé de tudo o que interessa. Um dos melhores sítios para se viver em Portugal e por conseguinte, no mundo. Não digo isto a brincar.
Tendo vindo de habitar a Ericeira, terra saloia e sincera, apercebo-me - claro - dum ligeiríssimo aumento da erudição ambiente, numa ou outra conversa que se ouve de passagem. Isso, para estes snobs ouvidos cansados de gente bruta, de vez em quando ainda dá para sorrir. E isso é bom.
Mas o que mais me atinge (e esta é no sentido oposto) é a notória fragilidade da saúde mental por estas bandas. Vê-se muito mais gente insana. Gente que sofre pesarosamente este mundo, um dia atrás do outro, gente de olhar estreito e espírito castrado. Casas tão juntas que mal abafam os gritos coléricos de quem lá dentro há muito não se suporta; passeios nocturnos únicos ouvintes de diletantes a caminho do abismo; esquinas de ataque, esquinas de rotina... Falta leveza. Falta mar, talvez.
Ainda estou a digerir. Quando conseguir concluir algo, direi.
Etiquetas: sociedade
2 Comentários:
entretanto... que bom é voltar a ler-te mais de um mês depois (!)
:o)
digere... eu cá estou para partilhar conclusões :o)
beijinhos!
olha que bela prosa, vinda de dentro, apenas com a racionalização a que a escrita obriga... meu lindo!
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