sexta-feira, fevereiro 13

Afectos ao carisma

Acho fundamentalmente cretino que as pessoas usem o argumento de não votarem em determinado político por este não ter carisma. Na forma como eu vejo as coisas, o que deveria interessar são os resultados. O carisma, é um facilitador entre os anseios ou desejos do eleitor e sobre a coisa pública e a mensagem sobre as capacidades e desejos do político. É uma ponte, não um fim. Assim, muito embora os simbolismos, a sedução, a persusasão e demais "artes" possam e devam interessar pela sua utilidade, o argumento do carisma quando usado para justificar o próprio voto, não é mais que uma confissão da incapacidade de, ou da desistência em avaliar racionalmente as reais capacidades e intenções dum político e portanto de projectar ou antever os resultados.

Se eu digo que o político Z tem vantagem em ter carisma (ou sedução, persuasão) o que digo é que este tem melhor capacidade de gerar empatia para com as suas ideias (e portanto tem maior probabilidade de ser eleito). Se eu digo que voto nele ou nela por essa simples razão, estou simples categoricamente a desistir de analisar e antecipar, os reais resultados duma sua hipotética governação. Aí então vivo no mundo da fantasia onde apenas atendo às minhas vontades e afectos e onde o espírito crítico não é necessário para nada. E ainda bem porque isso dá uma trabalheira.

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quarta-feira, fevereiro 4

A Saga Borndiep

Em 2004, era a pasta da defesa ocupada pelo improvável Portas, Paulo que surpreendido foi por um dos seus acólitos quando verificou que este lhe enviara uma fragata deter a entrada em águas territoriais Portuguesas do Borndiep esse barco do demo, dumas não-menos-do-demo Holandesas que ameaçavam dar a liberdade a algumas mulheres Portuguesas de sair da sua então hedionda legislação no que às gravidezes concernia.

O ridículo começava na pornográfica desproporção entre um vaso de guerra e um barco de 15 metros duma ONG, e terminava nas medievais manifestações de regozijo duma intolerante minoria pelo (poderoso, concedamos) carácter simbólico do confronto e seu desfecho. O resto do país tapou a cara de vergonha.

Três ONG, ainda gaguejando de estupefacção, diligentemente levaram o processo ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, e eis que este se pronunciou: Portugal é condenado por violação do artigo 10º da Convenção dos Direitos do Homem que é o da Liberdade de Expressão, ao pagamento de uma indemnização de seis mil euros por danos morais. E há mais: o ex-ministro ainda responde mas novamente não convence.

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