quinta-feira, março 29

O Papel da Engenharia, segundo Vital

Diz Vital Moreira:

«A intervenção pública dos engenheiros na questão da localização novo aeroporto de Lisboa suscita a questão de saber se entrámos na era do governo dos engenheiros. Na verdade, a questão da localização e dos custos e benefícios do aeroporto não é uma questão técnica (salvo se a localização estabelecida fosse tecnicamente inviável), mas política. E aí a competência dos engenheiros é a mesma que a de qualquer outro cidadão, sendo inadmissível a ingerência do bastonário da Ordem dos Engenheiros, nessa qualidade, na contestação da localização escolhida e na promoção de soluções alternativas.»

Vital Moreira só não explica porque é que a localização do novo aeroporto é na sua opinião uma questão política. Depreende-se que tudo o que for viável passa ao estádio seguinte de análise: a política. Daí em diante é uma questão de gosto, onde, claro, a competência de um engenheiro será a mesma que qualquer outro cidadão.

Ao relegar o domínio técnico para a mera determinação da viabilidade, está a mandar para o lixo duma assentada uma generosíssima fatia da ciência até hoje produzida, naquela que é uma das suas principais tarefas, a de conciliar diferentes tensões concorrentes. E a não ver que a realidade é assim mesmo: complicada, concorrente, multi-variada. Acho que diz tais barbaridades por simples ignorância do que é e faz a engenharia. No fundo, se VM não conhece a engenharia, como poderia ele julgá-la competente para julgar uma matéria que julga conhecer? E não conhecendo as ferramentas para lidar com determinado problema, aqui D'el Rei que isto é uma decisão política. Depois claro, quem paga somos todos nós.

Inadmissível a ingerência do bastonário? Só numa ditadura. Agora deixámos o domínio do intelectual de letras que acha que é suficiente ser inteligente, para autoritarismos já mais preocupantes.

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quarta-feira, março 28

Os meios, os fins e a ética no CDS/PP

É claro que o meu post anterior sobre o CDS/PP está carregado de whishful thinking. Eu gostava que o sr. Portas não fosse líder de nenhum partido. Agora, que a malta do CDS/PP, que saliva por mais algumas migalhas de poder, prefere um populista telegénico a um Ribeiro e Castro, acho que a resposta é clara. Tenho pena, só isso.

E sim, o comportamento de Nogueira Pinto no Conselho Nacional não foi dos melhores. Se calhar o objectivo era justamente fazer estalar o verniz à tropelha Portiana - o que conseguiu - mas que não é honesto, não é. Há que admiti-lo. Catorze horas de reunião, com votações sobre as directas, para depois alegar que a petição prevalece sobre o Conselho Nacional é desonesto. Se prevalece, então porque o colocou a votação em primeiro lugar? É melhor admitir: o Partido foi tomado. Paciência. Será esse o comportamento que distinguirá aqueles que olham aos meios para atingir os fins, daqueles que, pelos visto, conseguem o que querem. Valha-lhes esse conforto. Aos dois.

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terça-feira, março 20

A erosão da responsabilidade

Sou só eu que acho incrível que as pessoas que decidem morar em cima do mar protestem com o estado para que este os proteja das inclemências da natureza? Lê-se por aí que os campistas da Caparica querem uma indemnização do INAG; e este continua a deitar areia e mais areia para a zona erodida, achando com certeza que essa estratégia é sustentável... Sou só eu que me rio quando vejo despejarem milhões de metros cúbicos de areia supostamente para travar a investida das águas (como se o mar se importasse)?

Ao que chegou a desresponsabilização individual! As pessoas (aqueles energúmenos) não só já não assumem as consequências dos seus actos e das suas decisões (morar numa tenda a metros do mar), como ainda exigem (!) que alguém os venha proteger da realidade, criar-lhes uma redoma onde as leis da física não valem, que isto de existir uma coisa chamada erosão da costa vai contra os direitos adquiridos e inalienáveis! É caso para se ficar putrefacto. Alguém que lhes responda como deve ser, sff.

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Conselho Nacional do CDS/ PP

Sobre o Conselho Nacional do CDS/PP tenho a dizer que 1) adoro o som do verniz a estalar e 2) todos aprendemos quando as máscaras caem e a coragem se revela ridículo.

Arrisco: Paulo Portas não será eleito líder do CDS/PP. Se for, depois do que se passou, é ainda mais grave.

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quinta-feira, março 15

Palavras Simples a Recuperar

Truculento

do Lat. truculentu

adj.,
    atroz;
    cruel;
    bárbaro.

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quarta-feira, março 14

A Economia vista do Estado, por Reagan

If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops moving, subsidize it.

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terça-feira, março 13

Entreviste lá, Excelência

Ontem vi uma repetição de mais um «Diga Lá, Excelência». José Manuel Fernandes e Raquel Abecasis (e não Graça Franco como escrito anteriormente) entrevistavam Alberto Costa. Não vou falar do conteúdo nem de Costa, vou falar da forma.

Estas entrevistas andam sofríveis. Sem ritmo, sem graça, sem brilho. Os entrevistadores atropelam-se, não sabem o que hão-de perguntar ou quando perguntar, perguntam coisas já respondidas, não deixam o entrevistado falar... enfim, uma nódoa. É aliás o entrevistado que normalmente salva o programa, com um ou outro rasgo ao sucumbir ora à enervante presunção de ter sempre a pergunta fatal de RA, ora ao lento elaborar de complexas estruturas interrogativas (cuja espremedura resultaria numa pergunta simples) que se prolongam adentro da resposta em metástases indebeláveis, de JMF, minando de ruído o propósito do programa, que será -- imagina-se -- ouvir as excelências.

JMF não é mau. Eu sei que não, mas -- talvez por cansaço, tem cara disso -- a sua participação no programa é confrangedora. Demora vinte segundos a perguntar algo que a partir dos cinco, toda a gente percebeu o que é. Insiste na mesma pergunta quando podia explorar novo lado da questão depois da resposta do entrevistado, tem falhas de discurso, lapsos de memória... Fariam-lhe bem duas horinhas de descanso antes do programa. Ou então passar "a pasta" de novo à Joana Ferreira da Costa, que tão bem conta do recado deu anteriormente. Quanto à RA, julgo que o melhor mesmo era substituí-la. Há ali uma sede de protagonismo, um afunilamento da realidade a uma simples apreciação de carácter estético-novelesco, um desejo implícito de confrontação moral (lembra Ana Gomes), uma plena aculturação ao imediatismo da selva mediática, que não se resolvem com uma sesta.

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Estonia's Liberals secure victory

Tallinn, Estonia

Prime Minister Andrus Ansip's Reform Party exceeded all expectation, when it won Estonia's Parliamentary election with the highest returns since its birth 13 years ago. It gained an extra 10% of the votes as compared to previous outcomes in 2003. The Reform Party had 27.8 (31 seats) percent of the votes, ahead of the Center Party led by Edgar Savisaar with 26.1 percent (29 seats), Homeland- Res Publica Union 17.8% (19 seats) Social Democrats 10.7% (10 seats) and the People's Union and the Greens with 7 and 6 seats respectively. Ansip pledged to continue lowering Estonia's renowned flat tax and preserve the market-friendly policies credited for helping the country achieve impressive growth. About 61 percent of the 895,000 registered voters turned out at the polls, according to preliminary figures. The election was the world's first Parliamentary ballot to allow internet voting.

in LI News, Issue 54. (Newsletter da Internacional Liberal)

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quinta-feira, março 8

Entropy, Oblivion & Indeterminacy

Intellectual resilience is a hopeless effort against entropy, oblivion and unbounded indeterminacy.

Parabéns

Parabéns a todas as mulheres. Hoje, como sempre, por nos porem a salvo da loucura, por lamberem as nossas feridas e cuidarem dos nossos genes. Por todos os dias contrariarem o evidente absurdo da existência, e nos mostrarem o mundo dentro do mundo. Por serem esguias, belas, fugidias, exigentes, ternas, frágeis, fortes... por terem, enfim, tudo aquilo que nelas procuro. Parabéns.

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terça-feira, março 6

Madeira, Secessão e Singapura

Pois é, caro Bruno, poderia nem ser má ideia. Não fosse isto, relativamente ao dito "território prodígio".

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sexta-feira, março 2

Palavras Simples a Recuperar

Ardil

s. m.,
    astúcia;
    manha;
    subtileza.

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quinta-feira, março 1

O Farol, o Rochedo Paulo Portas

Escreve RAF no Blue Lounge:

«Há muitos que apontam o dedo a PP, por ser, digamos, um 'político-surfista', acompanhando, do ponto de vista ideológico, a 'onda' que ele considera ser, no momento, a mais conveniente. Não é esta uma critica descabida, pois PP já defendeu, ao longo dos tempos, as coisas mais variadas. Se o faz por oportunismo politico ou por convicção, é-me indiferente (preocupam-me mais os políticos que estagnaram nas ideologias dominantes no país nos anos sessenta e setenta): desde que seja um bom protagonista.»

Sem querer pôr-me em biquinhos dos pés, o RAF não elaboraria um pouco mais sobre estas linhas? São-lhe indiferentes as motivações de PP, desde que ele se dê bem? Como assim indiferentes?

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