O Papel da Engenharia, segundo Vital
Diz Vital Moreira:
«A intervenção pública dos engenheiros na questão da localização novo aeroporto de Lisboa suscita a questão de saber se entrámos na era do governo dos engenheiros. Na verdade, a questão da localização e dos custos e benefícios do aeroporto não é uma questão técnica (salvo se a localização estabelecida fosse tecnicamente inviável), mas política. E aí a competência dos engenheiros é a mesma que a de qualquer outro cidadão, sendo inadmissível a ingerência do bastonário da Ordem dos Engenheiros, nessa qualidade, na contestação da localização escolhida e na promoção de soluções alternativas.»
Vital Moreira só não explica porque é que a localização do novo aeroporto é na sua opinião uma questão política. Depreende-se que tudo o que for viável passa ao estádio seguinte de análise: a política. Daí em diante é uma questão de gosto, onde, claro, a competência de um engenheiro será a mesma que qualquer outro cidadão.
Ao relegar o domínio técnico para a mera determinação da viabilidade, está a mandar para o lixo duma assentada uma generosíssima fatia da ciência até hoje produzida, naquela que é uma das suas principais tarefas, a de conciliar diferentes tensões concorrentes. E a não ver que a realidade é assim mesmo: complicada, concorrente, multi-variada. Acho que diz tais barbaridades por simples ignorância do que é e faz a engenharia. No fundo, se VM não conhece a engenharia, como poderia ele julgá-la competente para julgar uma matéria que julga conhecer? E não conhecendo as ferramentas para lidar com determinado problema, aqui D'el Rei que isto é uma decisão política. Depois claro, quem paga somos todos nós.
Inadmissível a ingerência do bastonário? Só numa ditadura. Agora deixámos o domínio do intelectual de letras que acha que é suficiente ser inteligente, para autoritarismos já mais preocupantes.
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