A Imprensa e os rabos de palha
Nada disto é novo, eu sei. Mas devia ser velho. Arcaico, ido, gone.
Expresso, título de notícia: “É incontroverso” que há ‘rabos de palha’ no PS.
Palavras de João Cravinho:
Jornalista: O PS tem `rabos de palha´ em matéria de corrupção?
João Cravinho: Em muitos sectores da opinião pública, com ou sem razão, existe essa percepção. É um facto absolutamente incontroverso.SIC, Jornal da Noite, título: Sócrates considera propostas de Cravinho "uma asneira".
Sócrates disse que seriam asneira duas coisas: criar uma nova entidade contra a corrupção e inverter o ónus da prova no caso do enriquecimento ilícito (respondendo a Louçã), e que não eram precisas asneiras para combater a corrupção.
A primeira, é uma citação totalmente indevida, um erro indesculpável, uma desonestidade que valeria cotação zero a qualquer estudante de jornalismo que aquilo fizesse. Aquilo que é um "facto incontroverso" é a existência da percepção na opinião pública, como qualquer alfabetizado percebe. O problema é que muitos alfabetizados apenas lêem as gordas. Eu próprio, quando tenho menos tempo o faço, claro. Gostava era de poder confiar um pouquinho mais naquilo que leio, só isso.
A segunda é mais soft e nem sinto que fira especialmente alguém, mas é sintomática da permanente inclinação para desdenhar o rigor e ceder à trica mesquinha e novelesca, de quem tenta permanentemente semear o caos. Muito embora o pacote Cravinho inclua estas duas propostas, Sócrates apenas se referiu aos dois pontos que lhe parecem ser asneiras. Eu nem gosto do estilo de Sócrates no parlamento, nem estou a defendê-lo (objectivamente não precisa), irritam-me jornalistas pouco rigorosos, só isso.
Etiquetas: imprensa, responsabilidade
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