O crédito é fácil, a responsabilidade difícil
Ontem ia para casa depois de uma noite de trabalho e fui a ouvir um programa da TSF, Com a Corda na Garganta que relatava várias estórias e testemunhos relacionados com o sobre-endividamento. Os relatos assumiam diferentes perspectivas, desde o jurista que presta aconselhamento, ao endividado propriamente dito.
Não querendo atingir o programa em si, que do ponto de vista jornalístico pareceu-me bastante correcto e isento de tese, limitando-se a relatar de forma mais ou menos fiel a realidade, fiquei absolutamente abismado com a desresponsabilização individual que a maioria dos intervenientes parecia pactuar com. Como se não fosse da responsabilidade de cada um o seu sustento e a escolha das responsabilidades financeiras.
Um senhor, que trabalhava desde os 11 anos queixava-se que agora o empregador o tinha colocado numa situação em que ganhava menos (havia menos trabalho) e mal conseguia pagar o empréstimo duma casa que entretanto tinha adquirido a crédito. Outra senhora, já reformada, queixava-se que por culpa dos empréstimos que tinha contraído para terminar a casa do seus sonhos já não lhe sobrava dinheiro nem para o creme para a cara. Os exemplos eram mais que muitos (ouçam o programa), ainda fiquei a ouvir os relatos durante uns bons quilómetros. O traço comum entre todos eles que me ficou foi o de todos falharem em reconhecer que a culpa não andava por aí... era tão somente deles.
Eu sei que a literacia financeira é quase nula, mas há coisas que se não são óbvias, deviam ser. Devia ensinar-se na escola, no autocarro, nos centros de dia, nas casas de banho, desde que se ensine. Contratou um empréstimo para comprar uma casa e viu os seus rendimentos reduzir? Então, arrende a casa a alguém (ela que se pague sozinha), e vá viver para um apartamento mais barato, ou arrende quartos a estudantes, ou qualquer coisa. Mexa-se! Queria a casa do seus sonhos mas não tem dinheiro para isso? Então tenha calma. Honra seja feita à senhora que no final disse ter aprendido a lição, de forma até bastante radical: "Crédito nunca mais". Não acho que seja preciso tanto, basta bom senso.
Ou sou eu que novamente exijo demais das pessoas?...
Etiquetas: crédito, responsabilidade
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