quarta-feira, agosto 1

Portela + Alcochete

Daquilo que aprendi ao longo de vários anos numa escola de engenharia, dou de barato que existam custos associados a uma solução de dois pólos aeroportuários em vez de um só. Nestas coisas dos transportes, o principal tradeoff é entre distâncias e granularidade (poucos-maiores Vs. muitos-menores), pelo que quanto menor a granularidade (poucos-maiores), maior a eficiência, desde que as distâncias não anulem a vantagem. Como no caso da zona de Lisboa as distâncias não são grandes entre quaisquer dois possíveis aeroportos, agregar é o que se deve fazer. Isso torna a solução Portela + 1 uma solução de recurso temporária, nunca definitiva.

Na dita escola da engenharia também aprendi umas coisas de investigação operacional, mas se calhar nem seriam precisas para perceber que uma transição total e abrupta de um aeroporto para outro sai bem mais cara do que uma transição faseada, tão faseada quanto se queira. Pelo simples facto de na primeira situação haver um constrangimento pervasivo absoluto (afecta todos de forma absoluta) e na segunda não o haver, o que permite um ajuste calculado dos (grupos de) agentes envolvidos. Bombeiros, a zona da carga, da manutenção, os carros de pista, auto-tanques, rebocadores, a restauração, os carrinhos, etc. Todos esses subsistemas veriam a sua procura gradualmente aumentada num lado e diminuida no outro. Cada um desses subsistemas poderia planear a sua transição de forma a poupar o mais possível.

Há aqui um conjunto de dados engraçados face ao exposto:

  1. Portela + Alverca não seria definitivo.
  2. A transição Portela -> Ota teria de ser apressada, senão mesmo imediata.
  3. A transição Portela -> Alcochete pode ser faseada.
  4. Alcochete será (se for escolhido) definitivo.

Se a solução for Ota, não há escolha: a transição tem de ser imediata mesmo que os seus custos superem os duma transição faseada somados com os decorrentes das perdas (temporárias) por não-agregação. Se a solução escolhida para substituir a Portela for Alcochete, o processo poderá ser planeado para o ponto óptimo: aquele em que o custo marginal de mais uma semana com dois aeroportos equivale ao ganho marginal de mais uma semana para a transição. O custo pela não-agregação (ter dois pólos a funcionar durante X tempo) Vs. os ganhos por uma transição mais faseada. Assim a olho, parece-me que algumas semanas em simultâneo não serão muito graves para a estratégia de hubbing da TAP e serão de uma enorme ajuda ao processo de transição.

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