Medo e Securitarismo Virtuais
A ler sobre os recentes pânicos relacionados com pedofilia virtual (via second life) este artigo. O último parágrafo é um bom resumo:
«The burst of publicity about virtual pedophilia in Second Life may have focused on the wrong target. Video games are properly subject to legal controls, not when they enable people to do things that, if real, would be crimes, but when there is evidence on the basis of which we can reasonably conclude that they are likely to increase serious crime in the real world. At present, the evidence for that is stronger for games involving violence than it is for virtual realities that permit pedophilia.»
Antes que alguém pense em proibir, ou limitar os jogos violentos (os quais não consumo), gostaria que antes disso deixassem demonstrada a relação causal entre os mesmos e crimes violentos. Como tal coisa não será provada (basta várias pessoas jogarem e não matarem ninguém, o que acontece a toda a hora) espero que ninguém cometa a grossa estultícia de os proibir. Recomendo aos eventuais líricos que pugnem por um qualquer Portugal Livre de Jogos Violentos que se capacitem que há pessoas desequilibradas e pessoas sãs. Não é por existirem jogos violentos que as pessoas desequilibradas aumentam e vão desatar a matar criancinhas. Não lhes tendo acesso, talvez arranjem formas mais reais de extravasar os seus demónios. Muito mais importante será investir nas competências parentais e dar condições às crianças de crescer em lares mais harmoniosos.
Quanto à pedofilia virtual, esclareçamos desde já que estamos a falar de adultos que voluntariamente aderiram a um jogo, via internet, sujeito às suas regras próprias, que permite a cada jogador representar (actuar sobre) uma personagem de características à sua escolha, como seja a idade. Acontece que algumas dessas personagens se envolvem em práticas semelhantes aos actos sexuais humanos. Não há crianças reais envolvidas. As imagens que aparecem no ecran são obviamente de síntese, artificiais. Bytes. Zeros e uns. Se esses actos chocam quem quer que seja, sugiro aos ofendidos que pugnem pela condenação dos pedófilos virtuais nesse mesmo mundo virtual. Que criem, se for preciso, instituições como as polícias e os tribunais nesse mesmo mundo, bem como a legislação que lhes aprouver, mas por favor, não incomodem as instituições da República real (passe a antítese) que já tem falta de tempo, de meios, e problemas que chegue. Se no meio de tudo isso, ninguém vos ouvir, óptimo, é sinal que nem tudo está perdido.
Etiquetas: sociedade, tecnologia
1 Comentários:
É óbvio: quem ofende os direitos virtuais dum ser virtual deve sofrer quando muito um castigo virtual. Os castigos reais devem ficar reservado para quem ofender direitos reais de pessoas reais.
Mas há quem pense doutro modo? Pelos vistos, parece que sim. O mundo está mesmo louco.
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