Amoralidade Rodoviária
Oito e meia da manhã. Onde eu e mais uma centena de automobilistas vemos uma fila de carros, duas faixas e mais à frente apenas uma, entendemos a situação e formamos fila, dezenas de outros abjectos seres condutores (espécie que parece ter evoluído para esse papel somente), desprovidos de qualquer consciência moral, sentido de justiça ou sequer capacidades de cognição e cooperação dignas dum mamífero superior, esses asquerosos energúmenos, langonhinhas de quatro rodas movidos a cinismo, despudorados e vaidosos arrivistas do asfalto, fedelhos mimados de barriga inchada incapazes de se distanciar do seu ego, vêem isso sim, uma centena de papalvos prestes a serem comidos e a ficar para trás. Os parvos, que não percebem que está ali uma faixa livre! Eh eh!
Uma dessas bestas ao volante, quando interrogado sobre a existência de vergonha no seu espírito, nada mais conseguiu fazer senão avançar mais uns pontos, lá no campeonato dele, onde finalmente se conseguiu meter, também. Uma outra exemplar dessa espécie ficou muito espantada, boquiaberta mesmo, pela afronta que foi os papalvos lhe negarem entrada sob intenso buzinão. E ainda se riu, em estilo de quem não liga nada a essas coisas do trânsito e acha imensa graça que as pessoas se enervem com isso. "Foram só umas centenas de metros, não vale a pena chatearem-se", terá pensado como fuga à inescapável constatação da sua desonestidade.
Mas claro, nós é que somos uns atrasados e eles os espertos. Deve ser por vermos uma ameaça onde eles vêem uma oportunidade, é isso. E o cínico sou eu, pois claro.
Etiquetas: sociedade
4 Comentários:
"esses asquerosos energúmenos, langonhinhas de quatro rodas movidos a cinismo" - Adorei esta frase! lolol obrigada pelas gargalhadas!
O Tuga revela-se ao volante, a senhora com o aspecto mais púdico é capaz de fazer os gestos mais mal-educados (já me aconteceu! Uma sra a sair de uma garagem, ia eu na minha via descansadinha, resolve "enfiar-se" à grande, eu buzinei, como é óbvio e a senhora não faz mais nada: levanta-me o dedo do meio... que feio! fiquei sem resposta com tamanha contradição!)
Eu por acaso até acho que aquela faixa está lá para alguma coisa;)
Juntem-se nas duas e depois os carros vão entrando intermitentemente senão são filas enormes que acabam por prejudicar até outras saídas ou entradas.
Sim, também acho que é preferível usar as duas, mas se quando chegas só há uma, o dilema moral coloca-se. Aí cada um encara-o como sabe.
É o chamado método da "tesoura".
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